Desabafo de uma cigana
Desabafo de uma cigana
Sinto saudades do fogo quente,
da taça de vinho,
da alegria do meu povo.
Sinto saudades de acordar com os pássaros,
de ter apenas o céu como teto e as estrelas e a lua como companhia.
Sinto saudades de dormir na beira do rio, conversando com suas águas…
Sinto saudades do banho na cachoeira, das tardes lendo a sorte na praça.
Do cheiro de carne assada ja ao entardecer e o chá de gengibre antes de adormecer…
Das horas olhando as estrelas, do barulho de chuva na janela,
Do pó levantado pelas rodas na estrada…
De andar sem limites, de ser dona do mundo…
Sinto tanta saudades de dançar em volta da fogueira todas as noites.
Das festas aos domingos, das nossas orações…
Das nossas crianças brincando de giria e aprendendo as tradições,
Dos nossos velhos contando histórias e nos ensinando a cada dia,
De ter a natureza com quintal, a terra como colchão, o rio como banheira.
Sinto saudade das patchacas, da leitura das mãos, do cheiro do orvalho…
Das minhas magias, dos meus lenços, das minhas moedas, das minhas pedras,
do meu baralho, dos meus amores, dos meus aplausos.
Sinto um vazio em meu coração,
Sinto-me perdida,
Sinto tanta saudades…
Um texto lindo, uma oração da alma de quem tem alma cigana.
Não é uma oração propriamente dita, é apenas um texto… um texto para quem tem alma cigana, um texto para ser lido com a alma e sentido no coração de muitas vidas ciganas.
Texto da Cigana Safira do Mulheres de Alma Cigana no Facebook.